ARTIGOS

Crendices da nossa cultura popular

Cresci ouvindo dizer assim: agosto, ‘mês de cachorro louco’. E para não ser mordido por um cachorro louco, deve-se vestir a roupa, blusa ou camisa, pelo lado avesso. É a crendice, seguida do que se deve fazer para não atrair tal azar. Essa crendice é tão presente em nossa cultura que é comum, quando alguma pessoa veste uma roupa pelo avesso, ouvir logo outra pessoa dizer: Ué!? Tá com medo de cachorro louco?

Agosto é um mês aziago, que anuncia azar. Mês do mau agouro, mês das desgraças. Diz-se que não é bom casar em agosto, dá má sorte. Agosto? Desgosto! Para a Doutora Julieta de Andrade, folclorista, 22 de agosto era o dia do juízo final. Eu, há muito tempo, percebo que, apesar da crendice, muitas coisas boas também acontecem em agosto.

Em minha cidade, por exemplo, os ipês, e eles são muitos, estão exuberantes, repletos de flores amarelas. Outras árvores lindas, nas calçadas das ruas, desabrocham floridas. São os manacás, justamente no mês de agosto. E fazendo coro com o colorido das flores, muitas crianças vestindo uniformes de diversas cores, tão vivas quanto as flores dos ipês e manacás, enfeitam o espaço do Museu do Folclore, festejando o mês dedicado à nossa cultura popular, dedicado ao folclore.

Espero que um dia todas as pessoas saibam apreciar a beleza das flores dos ipês e dos manacás; e apreciar também o nosso folclore, que é exuberante e muito belo.

Angela Savastano
Cientista Social e
Diretora de Conteúdo do
Centro de Estudos da Cultura Popular - CECP

Incompetência Fantástica

Este é o título do artigo escrito pelo vereador Wagner Balieiro (PT) e publicado hoje (16/06) pelo jornal O Vale. O artigo demonstra em palavras aquilo que pode ser visto em vários pontos da cidade, mesmo com as desculpas e explicações da atual administração. Só não vê quem não quer! Confira aqui.

Aglomeração de Ilusões

O Palácio dos Bandeirantes, sob o governo do PSDB, inicia nova ofensiva para preterir o Projeto de Lei que prevê a instituição da Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

Pretende criar a Aglomeração Urbana do Vale do Paraíba, uma estrutura muito mais limitada, sem recursos para execução de projetos e sem autonomia administrativa. Tenta nos passar “gato” por “lebre”.

Sem Fundo de Investimento capaz de captar verbas junto ao Governo Federal e a organismos internacionais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a proposta do governo tucano nos vende um aglomerado de ilusões.

Há mais de 10 anos, a administração estadual vem atravancando a discussão de mecanismos mais modernos de gestão integrada no Vale do Paraíba, protelando a aprovação do projeto que cria a Região Metropolitana.

Esse, afinal, é o modelo que envolve e interessa a todos os segmentos da sociedade: empresários, trabalhadores, imprensa, organizações comunitárias, prefeitos e vereadores, enfim, toda a comunidade do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira.

Oferecem-nos ilusões enquanto lideramos a produção industrial e os índices de exportação do Estado e do País. Com a Região Metropolitana passamos a ter prioridade para investimentos e programas federais e estaduais.

O Programa de Arrendamento Residencial (PAR), do Governo Federal, é um bom exemplo, que destina maiores valores de financiamento para construção de moradias populares nas regiões metropolitanas. A Aglomeração Urbana nos coloca em segundo plano para a obtenção desse valioso recurso. 

Como Região Metropolitana, a exemplo de outros municípios beneficiados, também teremos portas abertas para o fim da cobrança de DDD entre as cidades do grupo.

A previsão para dotação específica no orçamento do Estado, garantindo mais transparência e possibilidade de ampliação dos recursos por meio de emendas orçamentárias, é outra das grandes vantagens da Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

Com o modelo administrativo defendido por nós e esquecido pelo Governo do Estado, as cidades abrangidas passam a ter um planejamento integrado e podem desenvolver ações regionais que permitem um crescimento mais ordenado e a solução de problemas que são comuns, como transporte público, preservação ambiental, aterros sanitários, entre outros.
           
O Conselho de Desenvolvimento também reforça a proposta da Região Metropolitana, descentralizando as decisões sobre vários assuntos de interesse do Vale do Paraíba.

No escopo do Projeto de Lei, que há 10 anos sofre com o descaso do Governo do Estado, busca-se, ainda, a criação da Agência Metropolitana da Região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira (Agevale), um órgão governamental com função de cuidar das questões relativas à região, determinando maior agilidade aos projetos locais.

Trata-se de um instrumento de gestão integrada, atribuindo maior importância e poder à nossa região, além de criar ferramentas para planejar um crescimento em ritmo acelerado, evitando saturação da infraestrutura, aumento das desigualdades sociais, aumento da violência, degradação ambiental, entre outros fatores típicos de uma expansão desordenada.

O governo Alckmin-PSDB trata o Vale do Paraíba como região de segunda categoria, ao contrário do tratamento, merecido, deferido à Baixada Santista e Campinas, ambas Regiões Metropolitanas, ao impor uma estrutura que não fortalece o Vale. E, curiosamente, o governador e o seu “super secretário” pertencem à nossa região.

Urge uma grande mobilização para a implementação de um projeto de desenvolvimento integrado, construindo soluções que assegurem racionalidade, diminuição das desigualdades e ampliação da qualidade de vida, resultando no desenvolvimento do país.

Maurici Damasceno
Advogado e professor universitário

Elefantes Brancos
                                                                                
Um motivo de preocupação, principalmente para os amantes do futebol, são os preparativos para a Copa do Mundo de 2014. Apesar das seguidas advertências da FIFA o ritmo das obras de infraestrutura segue lento. De um modo geral, o torcedor se preocupa com os estádios, mas se esquece de que o sucesso de uma competição dessa natureza depende de muito mais. 2014 parece ser um marco ainda distante, mas o tempo corre célere e há muita coisa a ser feita.

Nossos aeroportos, por exemplo, sofrem constantes ‘apagões’. Em que velocidade andam as obras que visam ampliá-los e modernizá-los? Resolveremos a contento o problema das telecomunicações e dos transportes terrestres? Nossa rede hoteleira estará preparada para receber tantos turistas torcedores? São perguntas que não querem calar. Porém, tudo o que for realizado nessas áreas trará benefícios futuros.

A questão dos estádios nos chama a atenção em particular. Estádios passam por reformas, alguns já estão sendo construídos e o local da abertura ainda é uma incógnita. O volume de investimentos é grande e muito recurso público compõe esse montante. O que acontecerá depois da Copa? Para que servirão esses estádios? A pergunta parece meio impertinente, mas explico por que formulá-la.

Se o leitor acompanha os campeonatos regionais e o Brasileirão, perceberá que o público que comparece aos estádios é pequeno, se considerarmos que este é o país pentacampeão. De 2.000 a 2.010, o público médio do Campeonato Brasileiro foi, em números redondos, de 13.500 torcedores. A média do Campeonato Paulista de 2010 foi de, pasmem, 3.698 torcedores. Ainda desconhecemos a de 2011, mas deve ser pífia.

Então, não é arriscado prever que esses estádios serão bonitos, modernos e, futuramente, vazios. O custo de sua manutenção por certo não será barato. O que faremos com estes ‘elefantes brancos’? Fica aí a pergunta.

Gilberto Silos

Comentário

O retrato do Brasil

Aqui em Natal, a média de público é de três mil pessoas por jogo (no campeonato estadual) e querem fazer um estádio para 60 mil pessoas!

Pelo edital, o custo total do estádio Arena das Dunas será de R$ 400 milhões e a Construtora OAS irá receber mais de R$ 1,2 bi. O Estado vai repassar à construtora, durante 20 anos, R$ 9 milhões por mês. Para a construtora é um grande negócio, pois mesmo se o estádio ficar fechado, ela não deixará de embolsar este montante por mês.

O Estado, hoje, não tem condições de cuidar de coisas básicas como Educação (escolas sem condições de uso, professores em greve), Saúde (falta leitos de UTI neonatal, pediátrica e adulto, médicos sem receber há mais de 5 meses, hospitais sendo fechados por falta de médicos), Segurança (falta de delegados na maioria das cidades (1 delegado para cada 7 cidades), falta de policiais, etc. A cidade está toda esburacada, pedintes em todos os locais. Este é o retrato do Brasil.

José de Alcântara Ribeiro